A Última Carta de Amor

Olá, pessoal. Hoje vou falar sobre o segundo livro que li da Jojo Moyes. E já adianto que nem chega aos pés à orelha de Como eu era antes de Você.

Como já comentei aqui, quando gosto de uma história corro para ler outros livros do autor confiando que vão arrasar igualmente. Raramente erro, mas como tudo na vida, às vezes a frustração acaba sendo inevitável.

E foi o que ocorreu dessa vez. Gostei muito da história Como eu Era Antes de Você, de Jojo Moyes, então, fiquei super animada quando ganhei o livro A Última Carta de Amor. Mas já nas primeiras páginas, senti que seria decepcionada. Juro que tentei curtir, que me esforcei, mas não rolou química :/

Para não “contaminar”, vou primeiro contar um pouco da história e depois, minhas impressões. Combinado?

A história nos apresenta duas mulheres com vidas semelhantes. Ambas moram em Londres. Ambas se envolvem num relacionamento complicado (a primeira trai o marido; a segunda se relaciona com um homem casado). As duas sofrem por amor. A grande diferença é que elas viveram seus dramas amorosos em épocas distintas. Vamos conhecê-las!

1960. Jennifer Stirling tem 27 anos e acabou de acordar de um acidente, com sérios lapsos de memória. É uma mulher linda, da alta sociedade, exercendo bem o seu papel para a época que vive. Ou seja: ser uma boa esposa, organizar festas, cuidar da decoração da casa, definir o cardápio das refeições, não entrar em assuntos de homens, tais como política, economia ou as guerras que ocorrem na África.

Mas ela sente que sua vida não está completa. É então que encontra lindas cartas de amor direcionadas a ela. Ela começa a montar o quebra-cabeça e descobre que sua vida mudou ao conhecer Anthony O’Hare, um jornalista mulherengo, cheio de aventuras para contar, mas que entrega todo o coração a ela.

“Ela olhou para o chão , depois seus olhos voltaram a fitar os de Anthony… seus olhos se encontraram, e, naqueles poucos instantes silenciosos, ele lhe disse tudo. Disse que ela era a mulher mais incrível que ela já havia conhecido. Disse que ela assombrava suas horas de vigília, e que cada sentimento, cada experiência que ele tivera na vida até aquela altura tinham sido sem graça e sem importância diante da enormidade daquilo”.

De forma intuitiva, Jennifer sabe que foi um amor correspondido. Um amor que os despertou para a vida, mas também lhes trouxe angustias. E as cartas, as únicas provas que possui do que viveu, são apenas um reflexo desse amor.

“Se tudo o que nos é permitido são horas, minutos, quero ser capaz de gravar cada um deles na memória com perfeita clareza para poder recordá-los em momentos como este, quando minha alma está sombria”.

“Quando você me olhava com aqueles seus olhos ilimitados, deliquescentes, eu me perguntava o que você podia ver em mim. Agora sei que isso é uma visão tola do amor. Você e eu não podíamos deixar de nos amar, assim como a terra não pode parar de girar em torno do sol”.

Jennifer busca desesperadamente por lembranças e respostas, mesmo sabendo das dificuldades de viver tal amor, de como é conflitante para ela, mulher, desistir da vida social e confortável que leva, abandonar o marido, sujar o seu nome e o da família. Naquela época sair da casa do marido era de fato um caminho sem volta.

Mas mesmo quando toma a decisão (esquecer que amou ou amar ainda mais?), a vida de Jennifer e Anthony sofre uma grande reviravolta.

2003. Ellie Haworth, 30 anos, é quem descobre algumas das cartas trocadas entre Jennifer e Anthony e resolve descobrir o que ocorreu entre o casal que se mostrou tão apaixonado nas palavras há mais de 40 anos atrás.

Sua busca vai além de atender uma demanda profissional (ela é jornalista e precisa muito de uma boa reportagem). Ellie se envolve emocionalmente com a busca porque também está vivendo um conflito amoroso. Há mais de um ano se relaciona com John, um homem casado, se contentando com mensagens de texto que dizem pouco (ou nada), com encontros esporádicos, com sentimentos calados. Ela começa a ver sua carreira, antes tão promissora, se estagnar. Começa a ouvir seus amigos lhe dizerem que ela precisa agir, seguir a vida sem ficar esperando por uma decisão de alguém que não mostra nenhum interesse em decidir. E percebe que enquanto estiver à espera de John , seu coração não poderá ser aberto para um amor que possa ser vivido às claras.

Nessa busca em descobrir como foi o desfecho da história de Jennifer e Anthony, Ellie consegue entender melhor seu coração e seu desejo de ter uma vida amorosa real e que lhe faça bem.

“Aprendi uma coisa há muito tempo: o se é um jogo muito perigoso”.

Desde o começo da história ficamos na angústia de saber se Jennifer encontrou seu amor, se Ellie vai encontrar o seu também. Teria potencial… mas de fato, foi um livro que não gostei. Mas por quê? Tentarei relatar aqui, mas às vezes, como citei lá no começo, é só uma questão de química mesmo. Então, para os que gostaram da história, me perdoem de coração!

Vamos lá!

1) Antes de tudo, o tema da história é, como posso dizer, “complicado”. Podem me chamar de moralista… mas essa história de amor às custas do sofrimento do outro precisa ser bem avaliada. Preferiria que os envolvidos jogassem limpo. Onde fica o respeito pelo outro? Deve ser muito dolorido ser enganado por alguém com quem se divide a vida.

2) Os capítulos são narrados a partir da visão de alguns personagens e isso vai alternando. A época dos acontecimentos (se estava acontecendo a história naquele momento ou se estava tratando de uma memória) também alterna ao longo do livro. Eu que tenho bastante atenção no começo de um livro fiquei bem confusa até entender o que Jojo estava fazendo!

3) Sei que não “existe nada de novo sob o sol”, mas são muitos clichês nesse livro. Frases, descrições de gestos, diálogos. Em vez de me trazerem a um lugar confortante (por ser familiar) me deixaram brava desconfortável. E olha que eu, como escritora, sei das dificuldades em usar expressões novas, de descrever um sentimento ou situação como se fosse a primeira vez.

4) Ok, não sou londrina e nem era jovem em 1960. Mas achei algumas conversas e piadas irreais para a época. Parece que não se encaixaram. Ou sei lá, talvez seja mais uma questão de má tradução.

5) Rory, um dos personagens que acabou sendo importante para história, foi construído tão superficialmente misteriosamente que acabei o livro sem conseguir imaginá-lo. Sei que gosto dele, mas não sei exatamente porquê.

Foram esses os principais itens que me incomodaram. É justo dizer que a última parte do livro (ele é dividido em 3 partes) conseguiu prender minha atenção, despertou em mim a curiosidade de saber o que aconteceria com os personagens, se haveria um felizes para sempre. Mas gostar desse restinho de livro não foi suficiente para eu reconsiderar a classificação.

Bem, considerando que A Última Carta de Amor foi publicado cerca de 2 anos antes de Como eu era antes de você, posso supor que houve um amadurecimento na autora. Sendo assim, pretendo ler algum outro livro de Jojo Moyes. Dessa forma, ou mudo minhas impressões ou desisto de vez dela. Estou sendo muito cruel?

Please, me contem suas impressões sobre o livro.
Fiquem bem à vontade, inclusive, para dizerem que amou! 🙂

Bjs

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Sinopse

Londres, 1960. Ao acordar em um hospital após um acidente de carro, Jennifer Stirling não consegue se lembrar de nada. De volta à casa com o marido, ela tenta, em vão, recuperar a memória de sua antiga vida. Por mais que todos à sua volta pareçam atenciosos e amáveis, Jennifer sente que falta alguma coisa. É então que ela descobre uma série de cartas de amor escondidas, endereçadas a ela e assinadas apenas por “B”, e percebe que não só estava vivendo um romance fora do casamento como também parecia disposta a arriscar tudo para ficar com seu amante. Quatro décadas depois, a jornalista Ellie Haworth encontra uma dessas cartas endereçadas a Jennifer durante uma pesquisa nos arquivos do jornal em que trabalhava. Obcecada com a ideia de reunir os protagonistas desse amor proibido — em parte porque ela mesma está envolvida com um homem casado —, Ellie começa a procurar “B”, sem desconfiar que, ao fazer isso, talvez encontre uma solução para os problemas do seu próprio relacionamento.

Ficha Técnica
A Última Carta de Amor
Autora: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Ano: 2012
Pág: 384
ISBN: 9788580571738

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IMG_20160131_131329Alessandra Correa,  acabou de chegar aos 30, é apaixonada por sobrinhos, livros, Londres, música, séries e chocolate. Sempre com um livro em mãos, adora falar sobre aqueles que marcaram sua vida. E tem como paixão e dom transformar palavras em histórias e poesias, algumas divulgadas aqui: www.momentoempalavra.blogspot.com

14 pensamentos sobre “A Última Carta de Amor

  1. Ainda não li nenhum dos dois, mas o que sei é que ando com pé atrás com esses livros que parecem que viram febre de repente sabe…Li dois por conta disso e não gostei tanto quanto falaram. Pelos motivos ai que você descreveu, já nem quero ver ele. rs

    Beijos

    Curtido por 1 pessoa

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